ES, cenários, desafios e oportunidades

Fonte: Pixabay.

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

O Planejamento Estratégico é uma ferramenta de fundamental importância para uma organização, pois é preciso compreender a sua realidade para propor melhorias com assertividade. Com planejamento, as ações se tornam mais factíveis, aumentam as chances de sucesso e a gestão do negócio torna-se mais eficiente.

Esse é um tema comum no setor privado e vem ganhando destaque também na esfera pública. Há uma nova corrente na gestão pública que começa a perceber a importância da gestão para o fortalecimento institucional do Estado e, consequentemente, o desenvolvimento de um ambiente favorável aos negócios. Nesse sentido, é essencial compreender o atual contexto para construir as estratégias que guiem o caminho para o futuro.

Atualmente o Espírito Santo passa por um cenário de grandes desafios e oportunidades. Mais do que nunca é preciso flexibilidade e capacidade de adaptação para esse momento, visando tornar o estado cada vez mais competitivo.

A economia do Espírito Santo tem participação forte do setor secundário, em especial atividades industriais relacionadas ao extrativismo e à transformação. Para efeito de comparação, o setor secundário representa mais de 38% do PIB do estado, mas no Brasil esse número não passa de 28%. Empresas como ArcelorMittal, Vale, Fibria e Samarco são os principais players desse mercado e estão concentradas na região metropolitana da Grande Vitória.

Outra característica marcante é o perfil da balança comercial. O Espírito Santo configura-se como um exportador de produtos básicos e importador de manufaturados.  As exportações custam em média US$218/ton., porém as importações chegam a US$938/ton. Entre os principais clientes externos, destacam-se os mercados europeu e asiático, responsáveis por mais de 60% das transações externas capixabas.

No estado encontra-se instalado o maior parque produtor de pelotas de minério de ferro do mundo, produzindo cerca de 60 milhões de toneladas por ano. É o terceiro  maior produtor de aço do país, com uma capacidade superior a 8 milhões de toneladas por ano. É o segundo maior produtor de petróleo e gás do Brasil, cerca de 400 mil barris por dia, sendo responsável por, aproximadamente, 18% da produção nacional.

O Espírito Santo também apresenta um leque diversificado de cadeias produtivas que podem ser desenvolvidas aumentando sua inserção competitiva. Atualmente existem empresas capixabas que se destacam pela capacidade técnica especializada reconhecida pelos clientes, sendo fornecedoras para diferentes regiões do Brasil e diversos países. Dentre as principais cadeias produtivas, pode-se citar: metalmecânica, moveleira, construção civil, rochas ornamentais, confecções, cafeicultura, fruticultura, alimentos e bebidas, logística e petróleo e gás.

 

O cenário de investimentos também revela oportunidades. Foram anunciados 120 bilhões de reais em iniciativas públicas e privadas para o período 2014-2018. Os números apontam um cenário positivo para a inserção competitiva do Espírito Santo, visto que 69% desse valor é destinado para infraestrutura, considerando energia, terminais portuários/aeroportuários e transporte.

Para esse novo momento na economia do Espírito Santo é fundamental focar em produtividade e competitividade. A produtividade é a eficiência com a qual os insumos são transformados em produto e o seu aumento é uma condição fundamental para o crescimento sustentado.

Nesse campo ainda são necessários muitos esforços. A produtividade brasileira é baixa. São necessários dois trabalhadores brasileiros para produzir o mesmo que um trabalhador argentino, e cinco brasileiros comparando-se com um trabalhador norte-americano. A competitividade, da mesma forma, é um ponto que merece atenção. O Espírito Santo classifica-se com tipologia baixa no Índice de Competitividade Estadual – Fatores (ICE-F), juntamente com estados da região Nordeste. O resultado capixaba é o pior das regiões Sul e Sudeste.

A análise dos cenários mostra que são necessárias mudanças estruturais para que ocorra o desenvolvimento do estado com investimentos em: ciência, tecnologia e inovação, infraestrutura social (educação, saúde e segurança) e infraestrutura industrial (logística, água, energia e comunicação).

Os grandes investimentos previstos no estado estarão voltados, além da exploração de petróleo e gás no mar, para a indústria naval, incluindo estaleiro, porto e bases portuárias das empresas fornecedoras da cadeia de abastecimento. Isso demanda conhecimento e tecnologia ainda não dominados pelas empresas locais, representando uma excelente oportunidade para diversificação da nossa economia.

Seguindo essas diretrizes o Espírito Santo conseguirá reverter a tendência concentradora de indústrias apenas em determinadas microrregiões do estado e reduzirá a dependência das commodities na sua economia. É importante realizar o desenvolvimento de maneira equilibrada em todas as microrregiões, potencializando as vocações regionais e dinamizando o emprego industrial em todas elas.

Resumindo, o Espírito Santo é um estado com população reduzida, ocupando um pequeno território e com baixa participação no PIB nacional, mas que deve aproveitar a facilidade de interação com o comércio interno e externo através de sua localização estratégica. Além disso, é reconhecido como um estado com excelente potencial para prestação de serviços, cabendo investir em conhecimento.

O futuro do Espírito Santo está fortemente atrelado à melhoria da educação fundamental, básica e profissional, propiciando maior competitividade na produção de bens e serviços de alto valor agregado. Isso depende do esforço coletivo, incluindo iniciativa pública e privada. Essa sinergia de ações será essencial para o crescimento sustentável da economia do estado.

Dentro desse contexto é importante que a esfera pública, estado e municípios, através dos seus diferentes setores, implantem e acompanhem o Planejamento Estratégico norteando as ações das entidades. Para o alcance dos objetivos é essencial a supervisão e participação da alta gestão.

O resultado alcançado com a utilização do Planejamento Estratégico produz resultados sólidos e traz ganhos para a sociedade, colaborando para o alcance do desenvolvimento sustentável do estado desejado por todos.

Leia mais

Diversificar é preciso

Foto/Divulgação: Mec Show.

O estado do Espírito Santo ocupa 0,5% da área do território brasileiro, tem 1,8% da população e uma participação no PIB de 2,2%. Os investimentos anunciados para o estado, entre os anos de 2014-2018, são superiores a 113 bilhões de reais públicos e privados, distribuídos nos setores de infraestrutura, indústria, comércio e lazer e outros serviços.

Considerando o total de investimentos confirmados por setor (em processo de licenciamento ambiental), verifica-se que 82,5% (mais de 60 bilhões de reais) é destinado para o setor de petróleo e gás, tanto on-shore como off-shore, incluindo estaleiros, porto e bases portuárias, representando uma grande oportunidade para o futuro do estado.

O estado do Espírito Santo possui a segunda maior reserva provada de petróleo no Brasil, com quase 9% do total, perdendo apenas para o Rio de Janeiro, que responde por mais de 80% das reservas provadas.

Existe grande expectativa de que as atividades de exploração, extração, transporte e beneficiamento de óleo e gás possam gerar profundas mudanças na economia capixaba, não apenas pelo impacto direto que o crescimento do setor terá sobre o PIB estadual, mas também pela possibilidade de irradiação para outras cadeias.

O adensamento do setor petrolífero possibilitará o surgimento de novos setores dentro da economia local como a cadeia petroquímica, fertilizantes, naval e metalmecânica, com investimentos de alto valor agregado, exigindo tecnologia e mão de obra qualificada. Há também um vasto conjunto de atividades demandadas por esta indústria tais como serviços de hotelaria, alimentação, transportes e logística que serão beneficiados com essa atividade.

O fomento das empresas locais para os grandes empreendimentos industriais vem crescendo anualmente. Com a expansão das atividades do PDF-ES (Programa de Desenvolvimento de Fornecedores) a participação local cresceu de 8,5% no período de 1995-1998 para mais de 50% no período de 2010-2014.

Entretanto, os investimentos no setor de petróleo e gás e nas melhorias dos setores de mineração, siderurgia, celulose e energia vão exigir tecnologias ainda não dominadas pelos fornecedores da indústria de base capixaba.

Diante do cenário é necessário buscar ações voltadas para melhorar os setores produtivos, proporcionando-lhes maior agregação de valor, ampliando a participação de seus produtos nos mercados local, nacional e internacional. Tudo isso é essencial para a melhoria da competitividade do estado.

As exportações capixabas são dominadas por produtos básicos e semifaturados, chegando a representar mais 85% do total exportado. As importações são predominantemente de produtos manufaturados, atingindo mais de 80% de todos os bens importados.

É preciso mudar o perfil da balança comercial. Deve-se investir em tecnologia e inovação visando aumentar o valor dos bens e produtos produzidos no estado. Para isso é essencial focar na formação profissional, de nível superior e técnico, principalmente em engenharia.

Atualmente, no mercado internacional, Ásia e Europa são os continentes que mais realizam compras do estado. Entretanto, nos últimos anos, devido ao crescimento populacional, a África vem se tornando o grande foco mundial e potencial mercado.

No cenário nacional os estados da região sudeste apresentam um volume de compra superior a 70%, e esse mercado tende a continuar uma vez que apresentam crescimento contínuo. Entretanto, começa a aumentar a expectativa nas vendas para os estados das regiões norte, nordeste e centro oeste, uma vez que elas apresentaram, nos últimos 10 anos, um crescimento superior às outras regiões e ao Brasil. Além disso, essas regiões vêm recebendo um grande valor de investimentos, apresentando oportunidade de ampliação dos negócios com o Espírito Santo.

O estado capixaba apresenta um leque diferenciado de cadeias produtivas que devem ser trabalhadas para aumentar a inserção competitiva e aproveitar as oportunidades.

Esses aspectos mostram que, para ser competitivo, é necessário que a indústria local desenvolva mercado e produtos, sendo preciso criar condições que garantam um ambiente econômico atrativo que estimule a diversificação, a inovação e valorize a indústria criativa.

Dentro desse contexto a MECSHOW 2014, a ser realizada em julho de 2014, em Carapina, na Serra, apresentará diversos painéis e cursos técnicos, com palestrantes internacionais e nacionais de reconhecida competência nos temas petróleo e gás, indústria naval, energia alternativa e inovação, visando colaborar com o desenvolvimento das empresas e profissionais capixabas.

Leia mais

O Desenvolvimento Industrial Capixaba

Desde 1995 o setor industrial capixaba vem realizando investimentos na ampliação das suas plantas instaladas no estado nas décadas de 70 e 80. Visando a inserir os fornecedores e trabalhadores locais na execução desses projetos o SINDICON, SINDIFER, SINDICOPES, SINAENCO e o CDMEC, com apoio do SEBRAE, BANDES, GERES, IEL/FINDES e Governo do Estado, criaram o programa de “POTENCIALIZAÇÃO DO FORNECIMENTO LOCAL”, coordenado pelo IEL. O trabalho deu resultado, transformando-se no “PDF – PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE FORNECEDORES”, atualmente coordenado pelo SINDICON, com a participação de 580 empresas capixabas que empregam mais de 35 mil trabalhadores.

O PDF – Programa de Desenvolvimento de Fornecedores tem por objetivos:

  • Capacitar, certificar e promover trabalhadores e empresas locais;
  • Assessorar os fornecedores locais no acesso ao mercado;
  • Reduzir custos para as empresas compradoras, e.
  • Gerar emprego e renda nas regiões, melhorando a qualidade de vida.

O PDF tem por filosofia propiciar a realização de negócios dos pequenos fornecedores com as grandes empresas, detentores de tecnologia e também realizar parcerias entre as próprias empresas locais, promovendo um crescimento em onda de toda a economia.

As empresas locais participantes do PDF são classificadas por setor de atuação, a saber: Fabricação e Montagem, Construção Civil, Engenharia de Projetos e Tecnologia da Informação, Serviços e Indústria em geral e Comércio.

No inicio do PDF foi observado que a maior dificuldade para participação local nos projetos estava na má qualificação da mão de obra local, que não atendia aos parâmetros exigidos pelo mercado local – grandes empresas e empreiteiras. A partir dessa constatação, foi realizado um intenso trabalho de mobilização envolvendo fornecedores, compradoras e entidades de ensino, em especial o SENAI , CEFETES e SEBRAE, para preparar o pessoal local visando a atender às demandas que surgisse, evitando a importação de mão de obra como no passado, levavam os rendimentos e deixavam bolsões de pobreza.

Dentre outros foram realizados treinamentos na área administrativa, com cursos de Atendimento ao Público, Técnicas de Vendas, Orçamento de Obras, Técnicas de Liderança, Secretária, Estoquista e Administração da Pequena Empresa.

Também foram feitos treinamentos técnicos para Construção Civil (Pedreiro, Armador, Carpinteiro, Instalador Hidráulico, Eletricista Instalador, Pintor de Parede, entre outros). E ainda para mecânica (Caldeireiro, Mecância Montador,Ajustador, Soldador, Serralheiro, Mecância de Automóveis, Pintor Industrial, Torneiro, Motorista de Equipamentos Pesados, Mecânico de Refrigeração, entre outros).Para Elétrica (Eletricista de Força, Eletricista Montador e Automação e Controle).

Este trabalho é realizado em estreito relacionamento com o SINE-ES – Serviço Nacional de Emprego ligado a Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social. Os trabalhadores devem ser residentes nas regiões de abrangência dos projetos e recebem certificados de conclusão. Os cursos incluem aulas de Segurança, Higiene, Limpeza, Meio Ambiente, Matemática e Noções de Leitura de Desenho.

Estudos realizados pelo PDF para os três principais setores que compõem o programa Fabricação e Montagem, Construção Civil e Engenharia de Projetos, mostram a evolução dos fornecedores capixabas no período de 1997 a 2007. No setor de fabricação e montagem o número de empresas passou de 35 para 55. O de empregados subiu de 3320 para 8340. A mão de obra qualificada subiu de 30 para 46% e o pessoal de nível superior passou de 7 para 10,5%.

No setor de construção civil industrial o número de empresas passou de 35 para 45 e o pessoal empregado subiu de 4900 para 6600. A mão de obra qualificada passou de 47 para 51%  e o pessoal de nível superior subiu de 3 para 6,4%. No setor de engenharia de projetos foi onde se observou o maior crescimento. O número de empresas passou de 12 para 41 e o número de funcionários subiu de 301 para 2140. A mão de obra qualificada passou de 43 para 46% e o nível superior subiu de 38 para 50%.

Nos últimos investimentos realizados estiveram trabalhando nas obras cerca de 15 mil trabalhadores por mês. Para os anos de 2009 a 2012, com investimentos previstos superiores a US$ 20 bilhões, o número de empregos diretos nas obras deve ser superior a 30 mil.

Preocupado com esse incremento o Governo do Estado, em parceria com a iniciativa privada e Governo Federal, vem realizando investimento em escolas nos diferentes municípios onde serão implantados os projetos.

O SENAI com unidades em funcionamento nos municípios de Vitória, Serra, Vila Velha, Linhares, Colatina e Cachoeiro de Itapemirim oferecendo cursos profissionalizantes que atendem as diferentes áreas de trabalho. Está em fase de implantação de 3 novas unidades, em Anchieta, Aracruz e São Mateus, além de 16 Agências Municipais. Tem por objetivo atender a todos os municípios que tem mais de 30 mil habitantes, tendo como visão ser reconhecida como entidade importante para o desenvolvimento do estado.

O CEFETES conta com seis Unidades de Ensino em funcionamento , nos municípios de  Vitória, Colatina, Serra, Cachoeiro de Itapemirim, São Mateus e Cariacica.Estão em implantação mais sete unidades , sendo que cinco devem começar a funcionar em  2008 nos municípios de  Nova Venécia, Aracruz, Linhares, Venda Nova e Guarapari. Para 2009, a previsão é de que devam começar a funcionar as Unidades de Ibatiba e Vila Velha.

Empresários privados tem investidos em diversos curso técnicos, oferecendo diferentes alternativas de qualificação e aprimoramento da mão de obra local, atendendo ao pessoal de nível técnico e superior, com cursos técnicos e de gestão.

Sabemos que muito foi feito, mas precisamos fazer mais para acompanhar a velocidade que os investimentos estão exigindo para não perdemos essa excelente oportunidade de negócios e empregos gerada no estado do Espírito Santo.

Leia mais