Após 1 ano e cinco meses do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, já sabemos muito mais sobre os prejuízos causados às comunidades em Minas Gerais e no Espírito Santo. Entretanto, o impacto social causado pela paralisação das operações da empresa à economia capixaba e, consequentemente, a milhares de famílias do sul do estado também são evidentes e tendem a se agravar ainda mais se a Samarco não voltar a funcionar neste ano.
A falta de repasse dos impostos gerados pela não operação da Samarco começará a ser sentida duramente a partir de 2018 pelos municípios de Anchieta, Mariana e Ouro Preto. A Prefeitura da cidade capixaba, local onde a empresa opera há quase quatro décadas, já calcula uma queda de 60% na sua arrecadação a partir do próximo ano.
O impacto da paralisação da mineradora no Espírito Santo pode ser comprovado pela recente divulgação do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) acerca do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016, que registra queda de mais de 12% ao fazer a comparação com o ano de 2015. Além disso, análise recente do mesmo instituto também apontou queda de 18,8% na produção industrial capixaba, puxado principalmente pela redução de 31% da indústria extrativa, setor que engloba a produção da Samarco.
Desde o rompimento da barragem acompanhei de perto a agonia da economia do sul do estado. Acompanhado de empresários do Espírito Santo fui inúmeras vezes a Minas Gerais para reuniões, audiências e debates sobre o tema, sempre com o intuito de mostrar a importância de que a Samarco retome suas operações.
Atualmente encontra-se em andamento na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) um processo de licenciamento para que a Samarco disponha os rejeitos gerados em seu processo produtivo em uma cava chamada Alegria Sul, localizada no Complexo de Germano, em Mariana. Esse processo já passou pelas etapas de audiências públicas que foram realizadas em dezembro do ano passado, em Minas Gerais.
Além do licenciamento da cava de Alegria Sul a mineradora também precisa cumprir as etapas de um Licenciamento Operacional Corretivo (LOC) do Complexo de Germano que teve todas as licenças suspensas em outubro do ano passado. O entrave, neste momento, é a prefeitura de Santa Bárbara, um município de cerca de 28 mil habitantes, onde a Samarco captava água de um rio para alimentar o seu processo produtivo desde 2014. A carta de conformidade da Prefeitura de Santa Bárbara é imprescindível para que a Samarco protocole o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Loc e dê início a esse licenciamento. As prefeituras dos municípios de Ouro Preto, Mariana, Matipó e Catas Altas já concederam suas respectivas cartas de conformidade.
Sigo confiante de que veremos as usinas da unidade de Ubu operando novamente. Sabemos que os impactos causados pelo rompimento foram imensos, vidas foram perdidas e isso nunca pode ser esquecido. Entretanto, também sou da opinião de que a mineradora arque com os prejuízos socioeconômicos e ambientais causados aos dois estados e que volte a operar cumprindo com todas as suas obrigações e interrompa uma segunda tragédia social vinculada ao desemprego e à falta de perspectivas de trabalho e renda não só diretamente em suas atividades como em toda a cadeia ligada ao seu negócio.